terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Frame por jeandiva

Sábado resolvi saltar da cama com a cegueira de ir andar de bicicleta. Fui ver o tempo, o céu estava limpo e por isso, bom para ir para a praia. Entro no elevador com a bicicleta e deparei-me logo com um problema: a roda da frente estava vazia. Voltei a entrar em casa e enchi com a bomba (eu tenho de tudo). Bom, enchi, mas não estive para encher até ficar com dor no braço. Enchi só, nada de exageros.

Abandono o prédio montado na bicicleta. Ao fim de 10 pedaladas, 15, vá, e dou conta que deveria ter enchido um pouco mais. Resolvi ir a pedalar até à bomba de gasolina mais perto. Ao fim de outras 15 pedaladas é que vi que não dava. Aquilo não desenvolvia. Era preciso que a bomba viesse até mim já que eu nem morto voltaria atrás, a casa, para buscá-la. Afinal de contas já estava uns 50 metros afastado. Parado, ao lado da bicicleta, enquanto pensava em como resolver isto e vislumbro uma oficina do outro lado da rua. Lá vou eu directo.

- Bom dia! Podia-me encher o pneu da bicicleta se faz favor? O senhor encheu.

- Olhe e por acaso não tem descansos a vender? O senhor tinha, esburacou-me a bicicleta com o berbequim e depois vem, com a maior cara-de-pau, dizer que não conseguia colocar.

- Podia-me meter o volante mais alto porque eu não tenho nenhuma chave de fendas em casa para fazer? O senhor subiu.

- Já agora, metia também o selim para cima??? O senhor meteu…

- Quanto é???? (eu sem carteira, só com uma nota de 10€ no bolso das calças, desvairado com a possível resposta do senhor. Não é nada, disse ele. Suspirei de alívio….

Meti-me à estrada!

Uma subida que nunca mais acabava. Apesar de ainda conseguir ver a minha casa atrás, estava decidido em continuar e enfrentar as dificuldades da vida, sem recuar. Metia uma mudança, tirava, metia outra, voltava a trocar e sei lá mais o que fazia na expectativa que a bicicleta se pusesse a andar dali o mais rápido possível e a sacana nada. Com os bofes de fora cheguei a um sítio plano. Pedalei, pedalei e chego a uma avenida com duas faixas, mas com um separador central. Para onde queria eu ir? Precisamente para o lado oposto ao separador. Pronto, lá tive eu de andar com a bicicleta na mão a atravessar a estrada numa correria, não fosse aparecer algum carro, subir o muro, voltar a descer e meter-me outra vez na estrada, no sentido correcto. Avistei uma recta que nunca mais acabava e que eu costumo fazer de carro quase todos os dias e pensei que ia finalmente desfrutar do passeio. Foi sol de pouca dura! Em menos de nada, vejo-me eu a braços outra vez com a sensação de me estarem a puxar para trás. Com uma dor nas pernas a cada pedalada que só visto. Eu sei lá quantas vezes alterei as mudanças. Era um horror na mesma. Eu colocava uma, aquilo parecia que resolvia o problema, mas era uma ilusão,  tinha de pedalar na mesma, com força, para aquela porra andar… O que é que julgam? Pois! Um sofrimento! O que de carro parece a recta mais plana que pode haver, de bicicleta é ao contrário. Uma subida que mais parece ter uma inclinação de 60 graus. Com isto tudo ainda acrescia outro problema. Não se julgue que era só este. E os carros a passar ao lado com uma velocidade que parece que nos levam atrás?? E os nervos que um gajo apanha ao sentir que temos atrás um carro a andar devagarinho para nos conseguir ultrapassar? Uma pessoa, para não incomodar e não empatar o carro que vai atrás, dá tudo por tudo, pedala até mais não. Felizmente não me pareceu nenhum automobilista como eu que é bem capaz de apitar para que os ciclistas saiam da frente. Vá lá, tive sorte. Ao fim de centenas de metros, finalmente encontro uma estação de lavagem automática de carros. Um oásis, pensei. Parei e mais parecia um camelo a beber, de uma só vez, litros e mais litros de água. A camisola de lã já eu tinha tirado e atado à cintura. Um calooooooooooor pior que o dos dias mais quentes de Agosto. Depois continuei, não se pense que voltei para trás. Nada disso. Se o objectivo era ir à praia, era para a praia que se continuava. Depois adorei. Apareceu uma descida. Como eu gosto de andar de bicicleta em descidas. Gosto, pronto! Num ápice a descida terminou e voltou a erguer-se diante dos meus olhos outra subida que, de tão inclinada, parecia uma encosta do monte Everest. Aqui tive mesmo de sair da bicicleta. É que não dava mesmo. Ó pá, não dava!!! Subi o passeio e fiz o percurso a pé. Depois voltei a pedalar e cheguei à falésia que dá para a praia. Resolvi estrear o cadeado que tinha comprado na 6ª feira. Estrear só para estrear porque não me afastei mais de 5 metros. Um cansaço, uma falta de ar, uns tremores nas pernas, um verdadeiro pesadelo. Eu bem me queria abstrair, olhando o mar, mas não me saía da cabeça que teria de fazer o percurso todo ao contrário para voltar para casa. Telefonar ao Carlos para que me fosse buscar estava fora de questão. Não estava com cabeça para ouvir na escola piadinhas de mau gosto durante 3 meses. Julgam que me sentei a descansar? Achammmmmmmm??????????? Nem pensar nisso! Ali estava eu: de pé! Pensei: se me sento é a minha morte. Já não me consigo levantar. Fazer depois o trajecto de 5 metros de volta até à bicicleta de gatas, estava completamente fora de questão. Apreciei a natureza durante 10 minutos. Senti-me o maior dos desportistas, com um ar absolutamente zen a olhar o mar e depois, com calma, voltei para a bike.

Avistei uma descidaaaaaaaaaaaaa enormeeeeeeeeeeee. E a velocidade a que eu fiz a descida? E o orgulho que eu sentia de mim próprio ao sentir-me a andar aquela velocidade toda??? Soube-me bem! Gostei! Entretanto começo a ouvir um barulho esquisito. A seguir, fiquei com a leve impressão que alguma coisa se estava a prender atrás… Pronto! A camisola que eu tinha à cintura estava toda enrolada na roda e eu estaria a andar assim desde há 500 Km. Nem sei o que aquilo parecia. Toda castanha (a cor original era azul petróleo), toda amassada, um caos… Mais à frente surgiu, do nada, uma subidona horrorosa e lá tive de transportar a bicicleta mais um bocadinho na mão, mas a coisa resolveu-se e eu, rapidamente, assumi de novo o controlo da situação, ao avistar uma nova descida…

Cheguei a casa, almocei e fui refazer de carro o trajecto que tinha feito de manhã para ver os Km. É certo que parece perto quando se vai de carro, é também certo que parece que estamos a mudar de distrito quando se faz o mesmo percurso de bicicleta. Ainda assim foram 10 Km. Fiquei com impressão, mas é só impressão, talvez possa estar enganado, não, de certeza que estou enganado, que não estarei em muito boa forma física. Não sei.

BEIJOS E ABRAÇOS 

20 comentários:

SRRAJ disse...

Lol. Andava mortinha para que escrevesses sobre as tuas aventuras de pedaleira. Não estava era a contar que me fizesses a vontade tão cedo. Já há muitos anos que não ando numa bicicleta a sério, mas houve tempos em que o fazia com regularidade (tipo uma vez por ano). Sim, esse tempo todo porque era o tempo que eu demorava a esquecer as desventuras, e as posteriores dores nas pernocas e no traseiro.
Beijo e continua a pedalar. Não te esqueças que a prática leva à perfeição.
Ainda havemos de fazer umas férias a pedalar por essa Europa fora ... Vai treinando que eu já te apanho.
Beijooooooooooo

Anónimo disse...

O que eu me ri a ler este seu texto (e a imaginar a cena)! Só por isso já valeu a pena passar por aqui! :P

XS disse...

Fiquei cansaaaaaaaaaaaaaada! :) Que força de vontade, raios!

Aproveito para te agradecer a visita lá a casa. Volta sempre.

Anónimo disse...

Valeu a pena esse passeio de bicicleta,escreveste um post,a bicicleta apanhou ar,e sobretudo testaste a tua forma fisica...
E devo dizer,que está um post jeitoso :)
Continua,a postar e pedalar!
Até pode ser que este post,me abra o apetite,para que eu mesma pense em pedalar,bem preciso,sei que estou em baixo de forma.
Beijos

ANDARILHO disse...

P/ SRRAJ:
Nem eu estava a pensar fazê-lo. Se bem te lembras, ainda ontem de manhã te tinha dito que só de pensar em escrever o que quer que fosse no blog, me dava um tédio desgraçado. E tu a dizeres:isso passa...
De noite apeteceu-me escrever. Tinha 3 assuntos possíveis e sobre os quais me apetecia escrever. Optei por este.
Férias pela Europa de bicicleta???Um interrail ainda vá que não vá, agora de bicicleta só mesmo em Amesterdão.

Beijos

ANDARILHO disse...

P/ Sara:
Ainda bem que se riu. Só por isso já valeu a pena escrevê-lo.
volte!
Até...

ANDARILHO disse...

P/ XS:

Força de vontade não será propriamente o meu forte. Não duvides que é mesmo porque eu gosto de andar de bicicleta.
Voltarei à tua casa, sim!

:)

ANDARILHO disse...

P/ Bé:
E eu ao ler o teu comentário, pensei que fosses dizer que este post te fez abrir o apetite para, também tu, fazeres um blog...

Vou continuar a pedalar, não tenho é muito tempo e quando tenho, chove!

Beijos

Ana GG disse...

Pois que gostei! Fez-me lembrar os velhos posts, aqueles mesmo à Zé Miguel.

Quando era miúda, uns 9 anos, fiquei com um pullover novo...lindooo...de lã, azul petróleo com duas riscas vermelhas, estraçalhado na roda de uma bicicleta. Coincidência!

:)

P.S. A última vez que andei de bicicleta foi há uns 20 anos. Fui com a minha cadela até à Galé...tive que telefonar para nos irem buscar de carro. Iamos morrendo, as duas.

Pólo Norte disse...

I want to ride your bycicle!!! :D

tcl disse...

eu não sei onde tu moras... mas aqui na capital, para evitar essas trapalhadas faz-se assim: bicicleta dentro ou em cima do carro, ok? brum brum de carro até à beira-rio, aí para Belém ou Alcântara, conforme o tempo disponível e a força nas pernas. e depois ala até ao parque das nações. Sempre a direito, quase sem carros nem subidas. Ida e volta entre 25 e 40 km dependendo de onde se parte e até onde se vai. Um must

ANDARILHO disse...

P/ Ana GG:

Às vezes apetece-me escrever assim, ao disparate, como falo. Daí dizeres "posts à Zé Miguel". Outras vezes não, embora também sejam "posts à Zé Miguel".

Eu cheguei a casa, lavei o pullover todo e ficou óptimo. Um pouco mais largo do que era, mas óptimo. Até o voltei a vestir à tarde.

Beijo

ANDARILHO disse...

P/ Pólo Norte:

I want to ride my bicycle bicycle bicycle
I want to ride my bicycle
I want to ride my bike
I want to ride my bicycle
I want to ride it where I like
...

Volta Pólo, eu deixo-te andar. :D

ANDARILHO disse...

P/ tcl:

Primeiro: Gostei da lição!

Segundo: A minha bicicleta não cabe no carro

Terceiro: Se eu pretendo treinar o caminho para a praia para fazer no Verão, não me parece que ganho grande preparação física a andar a direito em sitios planos.

Quarto: Lembras-te da receita que me deste em Agosto, com o manjericão? Adoro! É das minhas preferidas, para que saibas.

;)

Pólo Norte disse...

Deixaasssss? Tem rodinhas atrás?

Anónimo disse...

TiZé, tantas visitas!! Mas fui ver o blog que vem a seguir ao teu e nele estavam neste momento 77 online, logo não fiques todo vaidoso porque se eu lesse estrangeiro :) também escolhia o do moço grego. Pronto, as tuas peripécias também são interessantes!!!
Passei só para te desejar um bom Ano do Boi que começa hoje. Fica aqui já o aviso que é um ano em que não podes praticar o teu passatempo favorito: não fazer nada :))) , pois este ano o mote é "nenhum trabalho, nenhum pagamento". Espero que a tua previsão seja melhor do que a minha pois para o macaco (e não, enganaste-te, não é cabra!) não é lá muito favorável.
Um beijo para o Gongom e a Maria e para o resto da malta que também não faz nada de jeito na tua escola! (Diane e Carlos) :)
nes

ANDARILHO disse...

P/ Pólo Norte:

Tirei as rodinhas. Mas julgas que tem problema? Nada disso! Estou numa de ensinar as meninas a andar de bicicleta. É só quereres. ;)

Beijo

ANDARILHO disse...

P/ Tinês:
Eu sei que tu és um bocadinho distraída, mas cá estou eu para continuar a orientar-te. Sabes, esse blog onde tu entraste e que não prestaste muita atenção, se tinha essa cambada toda de gente online ao mesmo tempo, possivelmente também à entrada tinha um aviso de que o conteúdo do blog poderia ferir susceptibilidades. Traduzindo: era um blog porno, daí ter esses números todos. Entendeste??? Fico tão preocupado por tu andares por aí no dia-a-dia sem as minhas explicações. As interpretações erradas que tu fazes sem te aperceberes... ;)

Bom, pela tua previsão, este seria um bom ano para eu tirar uma licença sem vencimento. Assim como assim, segundo dizes não terei direito a ordenado... :(

Ao Carlos e à Diane vou já telefonar agora para lhes dizer que já nem precisam aparecer na escola amanhã.

Beijos

Anónimo disse...

"Não temos sempre 20 anos!" aquilo que faziamos quando tinhamos 15 ou 20 anos com toda a facilidade do mundo, algum tempo depois é um stress.
Adoro andar de bicicleta, mas reconheço que hoje já não tem a mesma piada...
Como dizem os desportistas para não desmoralizar: Não desistas!
bjs corajosos

ANDARILHO disse...

P/ Melocoton:
Eu adoro andar de bicicleta, mas não em cidades destas, cheias de altos. Mas não vou desistir. Nada disso. :)

Bjs