Uma pessoa tem a casa num caos. Partindo deste facto, decidida como é, começa a meter ordem nas coisas. Arruma aqui, arruma ali e entretanto lembra-se que a lavandaria ainda não tinha as pinturas acabadas. Para além de decidida, a pessoa, que é também organizada, resolve de imediato largar todas as arrumações e ir terminar o serviço. Enquanto a tinta seca na parede e porque o tempo está bom, vai num ápice até à praia. Chega a casa já de noite e decide desarrumar mais a cozinha para fazer o jantar. Entretanto, apesar de já serem 10 da noite, resolve voltar às pinturas. Após a constatação de que a tinta acabou, a pessoa lembra-se de ir ao quarto da filha dar retoques com o pincel ainda molhado em zonas que também tinham essa cor mas que apresentavam uma ou outra falha. Ao sair, observadora como a pessoa é, verifica que um vestido que tinha adquirido para a filha na semana anterior estava com o alarme da loja. Ora a pessoa é perita nestes casos. 1000 vezes já saiu da loja e, depois de pagar, marimbou-se para voltar atrás depois de ouvir o apito enquanto saía. Assim sendo a pessoa dirige-se com toda a calma à cozinha e, com um íman do frigorífico, inicia o processo de remoção do alarme. Eis se não quando toca o telemóvel da pessoa que, com o entusiasmo deixa cair o íman que vai para debaixo da máquina de lavar a louça. Sem stresses, já que a pessoa não stressa com facilidade, larga tudo e depois de desligar o telemóvel resolve tirar a máquina do sítio e não encontra o íman. Volta a colocá-la no sitio e resolve metê-la a trabalhar. Confronta-se neste preciso instante com o íman que estava alojado no recipiente do detergente da máquina. A pessoa alegra-se mas opta por deixar o trabalho da remoção do alarme para outro dia e depois de meter a máquina a trabalhar vai para a sala. No auge de uma conversa no msn a pessoa tem a leve suspeita de estar a ouvir barulhos oriundos da cozinha. Os barulhos não param e a pessoa vai num instantinho verificar o que se passa. Ao verificar, a pessoa fica com os nervos em franja pois tem a cozinha alagada. Depois de encher um balde inteiro com a ajuda da esfregona é que se preocupa em procurar a razão do que aconteceu. Quando a pessoa retirou a máquina para ver se tinha o íman, foi tão determinada que tirou também o tubo de esgoto do sítio. Deste modo a água começou a sair para cima dos tachos que estavam no armário, encheu-os e, de seguida, alagou o chão. A cozinha ficou ainda pior do que já estava pois não seria naquela altura que me iria meter a lavar tachos… Resumindo e concluindo, foi tudo por causa do íman. Aprofundando a questão percebe-se de imediato que a culpa da inundação terá sido da empregada da loja. Que faz a pessoa numa situação destas? Decide preencher o livrinho de reclamações. E o altruísmo??? Pois, o problema é o altruísmo da pessoa não o permitir. Sim, porque não bastasse isto tudo, a pessoa ainda é do mais altruísta que há. Começa logo a pensar nos problemas em que mete a rapariga da loja e tal, e que foi um deslize da coitada, e mais sei lá o quê… Mas quem fica lixado com a casa assim? Não, não é ela, sou eu!!! Eu não aprendo que ser boa pessoa tem mais inconvenientes que vantagens. Enfim, assim não dá…
BEIJOS E ABRAÇOS