Ontem vi o The Bucket List e gostei muito do filme. Mas fez-me pensar…
Para quem não viu o filme, é de 2007 e é sobre dois homens (Jack Nicholson e Morgan Freeman) que têm um cancro e descobrem que têm poucos meses de vida. Ainda no hospital, onde se conhecem, resolvem fazer uma Bucket List, a lista da bota, onde escrevem numa folha de papel uma série de desejos que gostariam de realizar antes de morrerem, ou seja, antes de baterem as botas. E o filme é isto, o cumprir item a item desejos tão banais como rirem até chorar, até viajarem pelo mundo.
E o que isto me fez pensar? Que eu não penso muito na morte. Aliás, eu tenho o hábito de “adiar pensamentos” sobre coisas que me podem fazer perder muito tempo, causar angústias e não me fazer chegar a conclusões. E faço isto desde há muito tempo. Mas não é sobre isto que me interessa falar, é sobre a minha Bucket List. Durante muitos anos, ainda miúdo e até por volta dos 17-18 anos achava que ia morrer cedo. Inclusivamente tinha a nítida sensação que não ia chegar à idade adulta o que me causava uma certa preocupação por nunca poder ser professor. Talvez por isso, a cada ano que passava eu achava que estava mais perto de cumprir este objectivo e apesar de não me esforçar muito por ter boas notas, tinha alguma preocupação em não perder tempo com um chumbo. Podia ser fatal. Depois, já na faculdade e logo no primeiro ano, fiz uma lista, com o nome de todas as disciplinas que tinha de fazer e, semestre a semestre, colocava um certo à frente de cada uma das cadeiras em que já tinha tido aprovação no exame. Inicialmente a lista foi feita à mão e de depois, já tinha computador e actualizava-a num ficheiro do Word. De certeza que ainda hoje tenho esta lista numa disquete qualquer ali para o escritório. Acho que nunca disse isto a ninguém, ou se o fiz foram a muito poucas pessoas, mas eu não tinha muitos planos a longo prazo, exceptuando este. Não pensava como seria em adulto fisicamente, se casaria ou se iria ter filhos ou outras coisas do género e que são normais, simplesmente por achar que não ia durar esse tempo todo. Mais tarde lembro-me de ter chegado um dia em que eu achava que já tinha até mais do que teria alguma vez pensado em ter e tive medo de morrer porque estava mesmo feliz. Tinha-me acabado de casar e estava a conduzir sozinho no carro a caminho de casa, acabado de chegar da lua-de-mel. A minha mulher vinha no carro atrás do meu. Chovia como tudo e acho que nunca conduzi com tanto cuidado. Até acho que chorei com medo de ter um acidente. Não tive. Isto passou e eu nunca mais pensei nisto. Passei a imaginar-me velhinho e tudo. De qualquer forma uma coisa que nunca deixou de acontecer foi a forma de viver por objectivos. Sempre com objectivos exequíveis. Não sou de perder tempo a pensar em coisas que nunca na vida poderei fazer. Mas também actualmente nunca estabeleço objectivos a longo prazo, nem tão pouco a médio. Sempre a mais curto prazo possível. Mas voltando ao início do post. Se eu tivesse a certeza que me restava pouco tempo de vida, o que incluiria numa Bucket List??? Pensei e pensei e não sei mesmo o que escreveria, o que me deixa doente. Eu faço quase tudo o que me apetece. Porque, como disse, continuo a desejar sempre e só, coisas possíveis. Se calhar aquilo que quero mesmo não depende de mim e nunca poderia colocar na lista. E apesar de não ter o que colocar numa lista, não estou pronto para morrer nem pouco mais ou menos. Aliás, sinto frequentemente que me falta tempo para viver.
Comentem com sugestões para uma vossa Bucket List. Vá que me apetece copiar coisas daqui e dali. É que preciso de ideias e rápido!
Beijos e Abraços