sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

MY BUCKET LIST

Ontem vi o The Bucket List e gostei muito do filme. Mas fez-me pensar…

Para quem não viu o filme, é de 2007 e é sobre dois homens (Jack Nicholson e Morgan Freeman) que têm um cancro e descobrem que têm poucos meses de vida. Ainda no hospital, onde se conhecem, resolvem fazer uma Bucket List, a lista da bota, onde escrevem numa folha de papel uma série de desejos que gostariam de realizar antes de morrerem, ou seja, antes de baterem as botas. E o filme é isto, o cumprir item a item desejos tão banais como rirem até chorar, até viajarem pelo mundo.

E o que isto me fez pensar? Que eu não penso muito na morte. Aliás, eu tenho o hábito de “adiar pensamentos” sobre coisas que me podem fazer perder muito tempo, causar angústias e não me fazer chegar a conclusões. E faço isto desde há muito tempo. Mas não é sobre isto que me interessa falar, é sobre a minha Bucket List. Durante muitos anos, ainda miúdo e até por volta dos 17-18 anos achava que ia morrer cedo. Inclusivamente tinha a nítida sensação que não ia chegar à idade adulta o que me causava uma certa preocupação por nunca poder ser professor. Talvez por isso, a cada ano que passava eu achava que estava mais perto de cumprir este objectivo e apesar de não me esforçar muito por ter boas notas, tinha alguma preocupação em não perder tempo com um chumbo. Podia ser fatal. Depois, já na faculdade e logo no primeiro ano, fiz uma lista, com o nome de todas as disciplinas que tinha de fazer e, semestre a semestre, colocava um certo à frente de cada uma das cadeiras em que já tinha tido aprovação no exame. Inicialmente a lista foi feita à mão e de depois, já tinha computador e actualizava-a num ficheiro do Word. De certeza que ainda hoje tenho esta lista numa disquete qualquer ali para o escritório. Acho que nunca disse isto a ninguém, ou se o fiz foram a muito poucas pessoas, mas eu não tinha muitos planos a longo prazo, exceptuando este. Não pensava como seria em adulto fisicamente, se casaria ou se iria ter filhos ou outras coisas do género e que são normais, simplesmente por achar que não ia durar esse tempo todo. Mais tarde lembro-me de ter chegado um dia em que eu achava que já tinha até mais do que teria alguma vez pensado em ter e tive medo de morrer porque estava mesmo feliz. Tinha-me acabado de casar e estava a conduzir sozinho no carro a caminho de casa, acabado de chegar da lua-de-mel. A minha mulher vinha no carro atrás do meu. Chovia como tudo e acho que nunca conduzi com tanto cuidado. Até acho que chorei com medo de ter um acidente. Não tive. Isto passou e eu nunca mais pensei nisto. Passei a imaginar-me velhinho e tudo. De qualquer forma uma coisa que nunca deixou de acontecer foi a forma de viver por objectivos. Sempre com objectivos exequíveis. Não sou de perder tempo a pensar em coisas que nunca na vida poderei fazer. Mas também actualmente nunca estabeleço objectivos a longo prazo, nem tão pouco a médio. Sempre a mais curto prazo possível. Mas voltando ao início do post. Se eu tivesse a certeza que me restava pouco tempo de vida, o que incluiria numa Bucket List??? Pensei e pensei e não sei mesmo o que escreveria, o que me deixa doente. Eu faço quase tudo o que me apetece. Porque, como disse, continuo a desejar sempre e só, coisas possíveis. Se calhar aquilo que quero mesmo não depende de mim e nunca poderia colocar na lista. E apesar de não ter o que colocar numa lista, não estou pronto para morrer nem pouco mais ou menos. Aliás, sinto frequentemente que me falta tempo para viver.

Comentem com sugestões para uma vossa Bucket List. Vá que me apetece copiar coisas daqui e dali. É que preciso de ideias e rápido!

Beijos e Abraços

9 comentários:

SRRAJ disse...

Também fiquei meia apanhada pelo filme quando o vi. Aliás a minha lista da bota começou logo a ser feita a três (com as duas pessoas que estavam comigo) no intervalo do filme. Quando cheguei a casa, copiei-a para o blogue e completei-a. Recordo-me vagamente de a ideia inicial ser consultar com regularidade a lista, e ir pondo a verde os itens que eu já tivesse concretizado. Nunca mais a voltei a ler, mas tenciono fazê-lo ainda hoje.
À semelhança do que aconteceu contigo, também nunca me imaginei velha. Lembro-me de estar na catequese e de achar que quando o mundo acabasse (em 2000) eu estaria casada e com filhos. Lembro-me de ter esse pensamento, mas também me lembro de pensar que provavelmente estaria sozinha.
Tantos anos depois, e não obstante a mania dos planos, continuo a não conseguir projectar-me num futuro distante.
Por um lado, dei-me ao trabalho de fazer um PPR, mas por outro, dou por mim a pensar com bastante convicção que não chegarei à idade da reforma.

PS: Não me parece que a minha lista vá ser uma grande ajuda...

ANDARILHO disse...

P/ SRRAJ:

Vou já ler a tua Bucket List. Pode ser que me inspire...

Beijo

' Claudjinha disse...

eu tenho uma lista dessas, entitulada "o que fazer antes de morrer", já está nos rascunhos do blog para publicar um dia. curiosamente, vejo-me velhinha, com filhos e netos (marido não o vejo, mas isso são outras histórias), a morrer sem ressentimentos e com a sensação que causei alguma mudança no mundo. :)

Anónimo disse...

Pois, meu amigo, sempre te posso dizer que neste momento não tenho com que preencher essa tal lista. Creio ter esgotado tudo ao vir para casa - sabes bem da história. É muito estranho: ao sentir-me em casa novamente, após a ausência forçada, adquiri um sentimento de não pertença pouco comum. Creio não ter tido ainda tempo para pensar nisso - na lista; e, mais grave, não sei se o vou fazer. É estranho. Sei que vou para Varsóvia... mas de resto... estou muito completo, feliz, passivo, hedonista, epicurista...

JS disse...

Depois de ler este post fartei-me de pensar nisto. Cheguei à conclusão que se tivesse data marcada para a minha morte, não fazia absolutamente nada. Fiquei surpresa comigo, mas não consegui pensar numa única coisa...

A minha Bucket List, seria em branco. Estou muito estranha deve ser da idade!!!

Um abraço**

ANDARILHO disse...

P/ ´Claudjinha:

Estou à espera que o publiques. Alguma coisa me diz que eu, há 20 anos atrás, teria escrito uma lista muito parecida. ;)

ANDARILHO disse...

P/ Anónimo:

Não sei porque tu não perdes a mania de comentar sem meteres o teu nome, mas pronto!!!

É estranho isso que dizes de teres ganho um sentimento de não pertença ao voltar a casa. Logo tu, que não falavas noutra coisa. De qualquer forma, se reparares bem, fez-te bem, deu-te experiência de vida, deu-te o que contar mais tarde. E gostaste. Engraçado, mas eu percebo o teu bem-estar, embora o ache aparente.

Olha vai para uma espelunca em Varsóvia. É giro, vais ver que depois não voltas a querer hoteis chiques. Ouve o que eu te digo!

Abraço

ANDARILHO disse...

P/ JS:

Pois é, é que foi isso mesmo que me aconteceu... Claro que ainda quero ir ao Taj Mahal, claro que quero dormir no Copacabana Palace no RJ ou no Polana em Maputo, claro que quero fazer uma série de coisas. Mas este tipo de coisas farei de certeza, são coisas fáceis. Faria na mesma se soubesse que estava com pouco tempo de vida? Ou aproveitava para fazer outras? E que outras? Possivelmente nenhumas... É que este tipo de coisas que que se falavam no filme ou que escrevi atrás, eu faço-as sempre. Não sou de esperar muito depois de me aparecerem na cabeça. Se não as fiz já é porque entretanto me lembrei de coisas mais urgentes e que me davam mais prazer. Eu procuro o prazer imediato, fujo de tudo aquilo que demora. Se percebo que pode demorar muito, desinteresso-me. Isto até é válido para pessoas.

' Claudjinha disse...

Um dia hei-de publicar, e venho avisar-te ;)