terça-feira, 31 de maio de 2011

Há uns tempos atrás, quando escrevi este post, referia que nos últimos 10 anos mudei de pensamento em relação à forma como encarava a felicidade. Entretanto li um post aqui que vai ao encontro daquilo que eu penso. Muitas vezes as pessoas pensavam como é que eu, solteiro e sozinho, dizia que era feliz. Era precisamente porque a felicidade, como ela diz, não vem de fora, vem de nós. Nós é que podemos estar ou não predispostos à felicidade. Claro que todos nós temos problemas e momentos em que estamos tristes. Claro que podemos levar o resto da vida a queixarmo-nos de tudo e todos. Claro que podemos estar à espera de ficarmos felizes na eventualidade de arranjarmos namorada(o). E claro está que se a nossa felicidade estiver na dependência dessa namorada(o), vai corresponder a um momento ou momentos e quando não a tivermos presente, voltamos ao nosso estado de pequenos momentos felizes.

Moral da história: Não se depende de ninguém para se ser  feliz.

B. e A.

terça-feira, 3 de maio de 2011

A perda, a chegada, a miséria, a resolução, a riqueza e novamente a pobreza

Depois de passar na PSP de Carnide para ir buscar dois vestidos da Maria que tinha comprado e perdido logo a seguir no Colombo e que, felizmente, foram encontrados, metemo-nos a caminho do aeroporto. Os receios de perder voos não me largam, como se percebe. Chegámos com uma antecedência enorme.

Almoçámos no Mac Donalds, fomos para o Check-in e apanhámos o avião para Amesterdão. Embora estivéssemos a passear pelo freeshop, nada comprámos. De seguida apanhámos o avião para Cantão e, ao fim de 12 horas, aterrámos. Quando chegámos percebemos que possivelmente precisávamos de visto para entrar na China e que não tínhamos tratado disso. Esse seria um problema para resolver depois já que logo de seguida apanhámos um novo voo para Hanoi, no Vietname. Para entrar no Vietname também são precisos vistos e esses nós já os tínhamos, parcialmente. Era uma questão de chegar a Hanoi e, antes de passar a fronteira, juntar uma fotografia ao papel que trazíamos, pagar 40 euros e o visto ficava pronto.

Até aqui tudo a correr bem. Não durou foi muito. Ao chegar à zona dos vistos, depois de preencher os papéis e entregar a fotografia chegou a hora de pagar.

- Tens a carteira, não tens?

- Eu??? Eu não tenho carteira nenhuma!

- Como não? Eu não te tinha dado?

- NÃO!!!

- E agora será que ficou fechada na mala de porão quando a abri para meter coisas em Lisboa?

Passou-se a explicar ao senhor dos vistos que não tínhamos a carteira e que possivelmente estaria dentro da mala. Ele disse que não tinha problema, que a iríamos buscar. Mas eu com a certeza quase absoluta de que não tinha metido a carteira na mala. A última vez que me lembrava de a ter utilizado tinha sido no Mac Donalds do aeroporto de Lisboa. As malas chegaram, foram abertas e nada. Passámos a explicar ao senhor que não tínhamos dinheiro nem para pagar os vistos nem para nada. Ele sugeriu que fossemos a uma ATM levantar. E teríamos, tivéssemos nós cartões. Todo o dinheiro, cartões multibanco e visas estavam dentro da carteira desaparecida. Estávamos, portanto, perante um problema sem resolução. O senhor só dizia que sem pagar não nos passava os vistos e que sem eles não entrávamos no país. Deste modo seríamos deportados para a China no dia seguinte. Sem contar que também não tínhamos visto para entrar na China, mas pronto.

E o desespero por nos vermos num sitio onde ninguém percebia a ponta de um corno do que nós dizíamos e sem dinheiro absolutamente nenhum? Nem sequer conseguíamos imaginar uma solução. Logo eu que sempre, em todas as viagens que faço, tenho o dinheiro e os cartões todos espalhados pelos bolsos e mochila para se for assaltado ou perder ficar sempre com solução. Desta vez não tinha ainda chegado a fazer nada disto, tinha perdido TUDO.

Entretanto chegou outro senhor da alfândega que parecia um superior e que voltou a dizer que sem dinheiro não havia visto e que sem visto não entrávamos no país. De qualquer modo, no meio do seu altruísmo, propôs que lhe déssemos alguma coisa de valor em troca do visto. Vendo-nos a olhar um para o outro sem sabermos o que fazer, ele próprio escolheu uns óculos da minha namorada que tinham custado o equivalente a vários vistos. Sem alternativa, ela deu-lhe os óculos em troca dos vistos.

Outra coisa que também nunca faço mas que desta vez fiz e que resolveu em parte o problema, foi o facto de termos pedido ao hotel que nos fossem buscar ao aeroporto. Também tivemos sorte que o senhor tenha ficado tempos sem fim à nossa espera, apesar de todos os outros turistas já se tivessem ido embora. Quando percebeu o que se tinha passado, ofereceu-se para nos pagar os vistos, resgatou-nos os óculos e disse que logo se resolveria a situação no dia seguinte. Lá nos sentimos um pouco mais calmos, pensando que esta era uma situação que já tinha ocorrido a outros hóspedes e que havia solução rápida e eficaz no dia seguinte.

Entrámos no carro do senhor e depois de andar 5 metros, voltou a sair do carro dizendo-nos que iríamos para o hotel com outro motorista. Tinha bebido demais e não estava em condições de conduzir. Trocámos de carro e partimos para Hanoi. Entretanto começámos a perceber que este próprio motorista não andava direito na sua faixa de rodagem. Embora meio receosos daquela condução, como íamos numa auto-estrada, sempre dava para os ziguezagues que ele ia fazendo pelo caminho.

Pouco tempo depois:

- Já viste aquele gajo na mota?

- Ai!!! Está completamente bêbado!

- E está na auto-estrada em sentido contrário…

- Ele vai-nos bater……

- Aiiiiiiiiiiiiiiiiii

- Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

BATEU!

Não consigo até hoje perceber como é que um gajo vem contra nós na auto-estrada, bateu no nosso espelho, partiu-o e conseguiu fugir. Com certeza que ficou mal, mas fugiu. Entretanto o nosso motorista resolveu parar e sair do carro para ver os estragos. Isto tudo no meio da auto-estrada, com outros carros a passar e a apitar. Chegados ao hotel, o senhor da recepção disse que no dia seguinte logo se resolveria a situação e que fossemos dormir, para descansar. Continuávamos sem saber como resolver o problema, mas confiantes que nos apresentavam uma solução no dia seguinte.

No dia seguinte perguntaram-nos como iríamos resolver o problema. Eles não sabiam. Nós também não.

Entretanto não havia consulado, embaixada nem nada do que se parecesse em Hanoi. Resolvemos ir para a Net descobrir soluções. Entrei no MSN. Felizmente fui viajar sem me despedir da Kika e ela, saiu do offline para me tirar satisfações do sucedido. Contei-lhe a desgraça em que me encontrava metido e ela sugeriu que se utilizasse a Western Union para transferir dinheiro para o Vietname. Já tínhamos utilizado o serviço para pagar o sinal de um apartamento no Rio de Janeiro. Havia o problema de ser Domingo e nem cá, nem lá, se poderia resolver grande coisa porque as coisas estavam fechadas. Havia também a diferença horária a dificultar as coisas, pois apesar da transferência do dinheiro ser imediata, ela tinha de ser feita muito cedo em Portugal para que nós pudéssemos levantar o dinheiro ainda antes dos bancos fecharem no Vietname. Entretanto pedimos dinheiro emprestado na recepção do hotel para comermos. Deram-nos o equivalente a 35 euros que chegava e sobrava, uma vez que o custo de vida é muito baixo. De qualquer forma na parte da tarde resolvemos ir pedir mais dois milhões de Dongs. Recusaram, deram-nos só 1 milhão. Apesar de estarmos com dinheiro, não sabíamos ainda se a transferência se iria concretizar porque podia haver algum imprevisto e não ser possível pela Western Union. Logo, apesar de termos dinheiro emprestado, não convinha gastá-lo pois era provável que não nos voltassem a emprestar. Havia ainda a possibilidade de fazer uma transferência online com o Visa para a Western Union que não conseguimos. Apesar de eu também estar sem o Visa, tinha acesso ao número pela internet e sabia o código de segurança. Azar dos azares, havia um problema na rede Visa desde 6ª feira e eles ainda não tinham conseguido resolvê-lo, para que se pudessem fazer compras online. Restou-nos esperar por 2ª feira à tarde. Não foi fácil mesmo assim. Quando a Kika conseguiu fazer a transferência, os bancos no Vietname já estavam fechados e os agentes, apesar de abertos, não trabalhavam com a Western Union a partir das 17.30h. Depois de gritarmos com aquela gente toda, conseguimos que nos dessem uma morada de um agente que trabalhava 24 horas e resgatámos o dinheiro. Depois, embora cheios de dinheiro, não nos podíamos esquecer que poderiam surgir imprevistos que envolvessem gastos não calculados. Numa outra situação há sempre cartões para resolverem, na nossa não havia. Claro que este episódio condicionou o início da viagem. Não dava para visitarmos o que queríamos sem dinheiro. Por isso, acabámos por desistir de uma viagem de avião e comprar outra para o dia seguinte para minimizar os “estragos”. Deste modo ficámos 4 dias em Hanoi, em vez dos 3 previstos.

No final da viagem, já não tínhamos dinheiro, é claro. Desta vez foi o Carlos a enviar mais.

O telemóvel só perdi três dias depois.

B. e A.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A viagem

Como se viu, ao contrário do que já fiz noutras viagens, não escrevi nada no blog. Gosto de escrever quando viajo sozinho, pois é uma forma de comunicar com os de cá, mas quando vou acompanhado tenho distracção que me chegue. De qualquer forma vou escrever dois ou três posts a contar as principais peripécias. Hoje não me apetece. Quanto às fotos, ainda nem as vi.

B. e A.