Uma vez, há já muito tempo, a minha namorada perguntou-me qual seria aquela coisa que me faria pensar em acabar uma relação. A minha resposta foi rápida:
- Os ciúmes.
Perguntei-lhe também, ao que ela respondeu:
- Uma traição.
De facto uma coisa tem a ver com a outra. E eu não consigo conviver nem com uma, nem com outra.
Vou focar-me na minha resposta, no ciúme. Ao contrário de muitos que dizem, que o ciúme por vezes é saudável, que mostra que continuamos a gostar da nossa parceira, eu não posso discordar mais. Não consigo conceber uma relação que não seja baseada na confiança e onde o ciúme tenha cabimento. Os ciúmes condicionam-nos. Quer quem os tem, quer quem é alvo deles. Afectam a nossa liberdade e tendem a modificar a nossa forma de estar na vida. Alteram comportamentos naturais que poderão ser passíveis de gerar, mais uma vez, ciúmes no outro. Perde-se a espontaneidade e, com isso, afastamo-nos dos amigos ou forçamos um afastamento destes. Quantos de nós já passaram pela situação de uma amiga que de repente arranjou namorado e que por isso agora já não pode ter connosco as mesmas conversas que tinha porque o namorado não gosta? Pior é quando essa conversa continua a existir, mas tem de ser feita às escondidas para não perturbar o outro e não desencadear a já esperada cena de ciúmes. Sempre achei isso inqualificável e uma falta de respeito por nós. Igualmente não aceito quando se fundamenta que não se deve fazer isto ou aquilo com amigos, neste caso amigas, porque apesar de se saber que nós não faríamos nada que pusesse em perigo a relação, as outras pessoas podem pensar. Mas a relação pode ficar em perigo por causa daquilo que os outros podem pensar? Pode? Mas toda a gente tem de saber qual é o tipo de relação que nós temos com os nossos amigos/amigas? Mas os juízos de valor que os outros fazem devem condicionar os nossos comportamentos? Era o que mais faltava. Refiro-me aos outros, não aos nossos amigos porque esses conhecem-nos. De qualquer forma não são esses nunca a questionar. Não sendo estes, muito menos poderá ser a nossa namorada, que supostamente nos conhece melhor do que qualquer outra pessoa. Ciúmes no início da relação, é uma coisa. Ciúmes durante toda a relação, é outra.
Mas se há ciúmes é porque a outra pessoa não demonstra que estes não têm cabimento. Suponho, então, que neste caso já tem de ter havido uma traição anterior. Neste caso tudo muda. Não só aceito que se tenham, como acho que não é possível ultrapassar-se esta situação. Eu não ultrapasso e não dou segunda oportunidade. Não conseguira restabelecer a confiança indispensável à manutenção da relação. Mais uma vez, não seria capaz de viver numa relação onde a desconfiança permanente não me abandonasse.
B. e A.