Tomei um resolução. A chatice é que a resolução dá trabalho mas, um trabalhador-nato como eu, não liga a pormenores desse tipo. Comecei hoje a deitar fora tralha e mais tralha que tenho no sótão. O sótão que é enorme e já não se consegue andar sem tropeçar em coisas. Tenho lá de tudo: móveis que já não gosto, móveis que gosto e quero restaurar mas não tenho sítio para colocar na minha casa, móveis antigos que gosto mas que também não cabem cá em casa, móveis que tinha em casa e que resolvi meter à venda na net e entretanto estão por lá porque não há palerma nenhum que os compre pelos balúrdios que eu peço, artigos que não interessam nem ao menino Jesus e que são para vender na feira das velharias (não sei quando porque não me tem apetecido ir vender, só comprar), brinquedos, bicicletas dos miúdos que já não usam, pinhas e restos (mesmo restos, 2 ou 3 pauzinhos) de lenha, livros escolares que já têm mais de 10 anos e que não servem para nada (nem para dar, de tão desactualizados), coisas de Natal, tapetes velhos, sobras de azulejos, soalho flutuante e mais um monte de coisas que agora não me estão a ocorrer mas que, garanto, tenho lá.
Depois de duas idas ao lixo e de conseguir o prodígio de entupir o contentor com as porcarias que enfiava pelo orifício, resolvi acender a lareira e começar a queimar coisas. Tenho a sala quentinha. Os livros dão umas labaredas boas. quase tão boas como os móveis do terraço que resolvi cortar em bocadinhos, qual lenhador, com uma serra tico-tico. Entretanto sinto-me a poupar e gosto da sensação.
B. e A.